terça-feira, 28 de outubro de 2008


A cona é uma teia de aranha
um funil de seda
o coração de todas as flores;
a cona é uma porta
que leva sabe-se lá onde
uma muralha
que se deve abater.
Há conas alegres
conas completamente loucas
conas espaçosas ou acanhadas,
conas de tostão e meio
bisbilhoteiras ou balbuciantes
e as que bocejam
sem dizer palavra
mesmo se as matas.
A cona é uma montanha
branca de doçura,
uma floresta onde os lobos circulam,
a carroça que puxa os cavalos;
a cona é uma baleia vácua
plena de escuridão e pirilampos;
a algibeira do pássaro
sua toca de dormir
um forno que tudo consome.
A cona no momento certo
é a face do Senhor,
a sua boca.
Pela cona nasceu
o mundo, com árvores, nuvens, o mar
e os homens, um de cada vez,de todas as raças.
Da cona veio também a cona.
Diabos levem a cona!
Tonino Guerra, in O MEL, Assírio & Alvim (2004)

2 comentários:

  1. A rosa lá está. Mas a planta mais graficamente vagínica (a palavra se n existe foi inventada agora) que conheço são mesmo certas variedades de orquídea.

    Keep going com o teu blog, agora que deixei morrer o meu : )))

    ResponderEliminar
  2. cona cona....já não ganhas para a dona....mas vais-te foder! vais trabalhar para comer!!!!

    ResponderEliminar